sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Os 15 mil milhões e a nossa imagem no exterior


A realidade é esta: os bancos lucraram 15 mil milhões de euros com dívida pública em 2012. A par desta enormíssima afronta contra um país desolado pelas discrepâncias sociais, ainda temos os famosos 1,1 mil milhões de euros que servem para recapitalizar o Banif que, segundo se sabe, é praticamente o dobro daquilo que o privado e pequeno banco vale, isto é, 570 milhões de euros. Pior ainda é o Estado ser uma mera injecção de capital sem visível poder futuro nesse antro de ladrões.

A verdade é que o Banco Central Europeu emprestou dinheiro, sob baixos juros, a esses bancos com a intenção de conceder crédito a famílias e empresas. Resolução: os ditos utilizaram esse dinheiro para comprar dívida pública e assim lucrar 15 mil milhões de euros.

Ora, num país que já pouco falta para chegar aos 20% de desemprego, num país em que já há famílias a passar fome, num país em que já há estudantes universitários que não conseguem pagar as propinas, como é possível a ganância superar todos os instintos socais e cooperativos? Como é possível executarem-se medidas de austeridade profunda quando há banqueiros a encher os cofres? Como é possível recorrer ao populismo fácil de que a culpa é de quem recebe este ou aquele subsídio quando, na verdade, os buracos mais fundos são criados pela banca?

O actual governo preocupa-se com a imagem de Portugal no estrangeiro, mas essa imagem é traduzida em números que lhes são favoráveis. Pelos vistos, os quase 20% de desemprego não são importantes quando o rácio banqueiro estiver ao nível da restante UE. Não há problema que famílias passem fome, porque afinal temos ministros a passar o réveillon no Brasil. Ou autarcas com as suas esposas e amigos a festejar um casório de alguém, também no Brasil. Isso é que é a imagem importante: ainda há quem tenha poder! A criança que tomou um pacote de leite na escola e não jantou que se foda.

A imagem que temos de passar lá para fora é igual à do 15 de Setembro de 2012. A imagem que temos de passar é que podemos ser mais fortes do que o medíocre sistema judicial a que estamos subjugados. A imagem que temos de passar é que somos humildes e trabalhadores, mas não somos patetas - pelo menos, os que estão do lado de cá da barricada.

A derradeira imagem a passar para além fronteiras é pura e simplesmente a nossa veia soberana onde quem manda são os Portugueses.

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